O SYNTH-POP VISUAL: A JORNADA DOS CLIPES ICÔNICOS DO PET SHOP BOYS
- Vittorio Massino
- 2 de out.
- 3 min de leitura
Duo britânico sempre uniram ousadia, técnica e arte em seus clipes vanguardistas

Pet Shop Boys – a dupla britânica de synth-pop formada por Neil Tennant e Chris Lowe – é muito mais do que trilhas sonoras irresistíveis: eles são mestres em fundir música com uma estética visual marcante. Desde o início, seus videoclipes foram cruciais para definir sua persona, combinando arte, ironia e comentário social de uma maneira elegante e frequentemente enigmática. Os clipes do duo não apenas ilustram as canções, mas também aprofundam as camadas de significado, tornando-os verdadeiros marcos visuais do pop.
Os três pilares visuais
Alguns clipes se destacam na trajetória da dupla, sendo essenciais para entender sua evolução e impacto cultural:
1. "West End Girls" (1985): o mistério da cidade grande
O primeiro grande sucesso da dupla estabeleceu o tom. O clipe de "West End Girls" é minimalista, em preto e branco, e capta a atmosfera urbana fria e a justaposição social de Londres — os "East End boys" e as "West End girls". As imagens de Tennant e Lowe caminhando pela cidade, com um ar de desprendimento e observação, criam uma sensação de voyeurismo e mistério. A ambiguidade e o estilo discreto e andrógino da dupla contrastavam com o glamour exagerado de outros artistas da época, cimentando sua imagem de pop stars intelectuais e introspectivos.
2. "Always on My Mind" (1987): o surrealismo no carro
Em uma das covers mais famosas da história, o Pet Shop Boys transformou o clássico de Elvis Presley em um hino Hi-NRG. O clipe de "Always on My Mind" leva a narrativa para o surrealismo e a ação incomum. A cena principal mostra Tennant e Lowe sendo sequestrados por um casal. É uma sequência de eventos estranhos e cômicos, onde a indiferença blasé de Lowe contrasta com o envolvimento relutante de Tennant. A produção brinca com narrativas de filme B e um senso de humor seco, reforçando a ideia de que a dupla não se leva muito a sério, mesmo em canções de profundo apelo emocional.
3. "Go West" (1993): a utopia digital
Talvez o mais espetacular em termos de produção, o vídeo de "Go West" (originalmente do Village People) é um triunfo do CGI vintage. A dupla abraça o kitsch e a grandiosidade, vestindo figurinos futuristas inspirados no construtivismo e na estética da propaganda soviética. O clipe retrata uma jornada utópica em direção a um futuro melhor, utilizando a metáfora do "Oeste" (a promessa americana) e símbolos de união e força. Visualmente impactante, com seus céus azuis saturados e pirâmides vermelhas, o clipe se tornou um ícone do pop dos anos 90, sendo também amplamente interpretado como um hino de esperança e liberdade para a comunidade LGBTQIA+.
O legado visual
A videografia da banda são essenciais para entender a história do videoclipe. Eles frequentemente subvertem as expectativas, trocando coreografias elaboradas e cenários caros por conceitos fortes, ironia e uma inteligência visual afiada. A discrição de Chris Lowe, muitas vezes imóvel ou com um semblante impenetrável, e a atuação mais teatral de Neil Tennant criam uma dinâmica fascinante que é a assinatura da dupla.
Os clipes provam que, no mundo do pop, a imagem não precisa ser óbvia. Ela pode ser um convite à reflexão, um sorriso irônico ou uma porta para mundos paralelos, todos embalados pelo synth-pop elegante que os consagrou.
Uma nova estética pop
O Pet Shop Boys redefiniu o conceito de pop. A dupla conseguiu forjar uma estética original, elegante e refinada que é a sua marca registrada. Eles fundiram o intelecto e a cultura de suas reflexões e citações com a leveza e o ritmo inconfundível do synth-pop.
Diferentemente de muitos contemporâneos, Neil Tennant e Chris Lowe nunca renunciaram ao apelo popular, mas o temperaram com uma profundidade lírica notável.
Essa combinação se estendeu aos seus videoclipes e performances, sempre repletos de visuais imaginativos e teatrais. A chave do seu sucesso visual reside na sua capacidade de serem impactantes e conceituais, mas jamais vulgares, mantendo uma sofisticação que elevou o status do pop eletrônico. Eles provaram que é possível ser cultivado e dance ao mesmo tempo.









